Será verdade que o presidente da Américan Airlines economizou 40 mil dólares por ano apenas retirando uma azeitona das refeições servidas nos vôos?
A história já está entranhada no folclore das corporações no mundo inteiro. Em várias palestras, em apresentações de Power Point que recebemos por e-mails e em muitos sites e blogs na web: O presidente da American Airlines Bob Crandall, após vários estudos para descobrir como poderia conter os desperdícios na empresa, determinou que fossem retiradas todas as azeitonas que eram servidas nas saladas dos vôos comerciais da companhia. Com a manobra, a American Airlines teria economizado a incrível quantia de 40 mil doletas por ano!
Mas, será que essa história é verdadeira ou falsa?
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Bob Crandall - executivo da American Airlines (reprodução) |
Alan e Sam afirmam ainda que, para evitar algum tipo de problema com a associação dos produtores de azeitonas, a American Airlines se comprometeu a levar um carregamento da fruta em cada vôo, para o caso de algum viajante solicitar (para sua salada ou para o seu Martini).
Já, o escritor David T. Courtwright afirma em seu livro “Sky as frontier: adventure, aviation, and empire” (página 159) que Bob Crandall teria economizado “apenas” US$ 40.000 por ano com a manobra. Courtwright explica que além da redução nas azeitonas, a empresa também iniciou um processo de cortes nos gastos que atingiu até os salários dos pilotos.
O mesmo valor de US$ 40,000.00 foi mencionado por John Marti, em seu livro “Organizational behaviour and management”. Segundo Marti, Bob Crandall teria retirado apenas uma das duas azeitonas que eram servidas na salada aos passageiros.
Apesar de ser uma informação relevante, o fato não é mencionado pelo site da empresa.
Fazendo as contas
Segundo apuramos, a Amerian Airlines chegou a transportar, no auge de sua história, quase 90 milhões de passageiros por ano. Para fins apenas especulativos (e quase “adivinhatórios”!), vamos medir por baixo e supor que fossem servidas “somente” a metade disso: 45 milhões de refeições ao longo do primeiro ano em que teria sido implantado o plano de contenção de gastos de Bob Crandall.
Se considerarmos que cada azeitona custasse U$ 0,02 em 1996 (lembrando que os números são meramente ilustrativos e não condizem com a realidade da época) teremos a seguinte equação:
Portanto, em teoria seria possível se economizar até 900 mil dólares em um ano. Bastando para isso, apenas retirarmos uma simples azeitona de cada uma dos milhões de saladas servidas junto com as refeições nos aviões.
É bom também lembrar que, embora a cifra de US$ 40,000.00 pareça uma boa quantia para nós, simples mortais, não representa quase nada para uma empresa multinacional do porte da American Airlines. Podemos considerar que o valor economizado poderia pagar o salário de apenas um funcionário. Uma mixaria!
O começo do fim
Verdade ou não, o fato é que a notícia abriu precedentes que deram inicio a uma tendência triste e incômoda para os viajantes de avião. As companhias aéreas, de olho nos lucros e fugindo dos prejuízos, foram diminuindo gradativamente os serviços de bordo a ponto de, nos dias de hoje, o passageiro é obrigado a se contentar com uma simples barrinha de cereal e um copinho de guaraná.
Escrito por Henrique Moura
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